sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Lendo - Rómulo de carvalho

Tive, quando miúdo, um ou outro professor que me falou com um certo fascínio de um homem chamado Rómulo de Carvalho, que assinava António Gedeão enquanto poeta, e que além de fazer versos se dedicava a ensinar (bem) ciências no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa.
Tenho encontrado pelas escolas que vou percorrendo como docente, nas bibliotecas, um pequeno livro publicado em 1960 que é precisamente escrito por ele. Por ser de carácter didactico, a obra foi assinada com o nome próprio e não com o pseudónimo literário. História da Fotografia é o seu título, e encontro-a quase sempre desgastada, a desfazer-se, sinal de fraca constituição, de papel baratinho e edição popular. Mas também indício de muito uso e interesse.
E percebe-se porquê. Apesar de ser uma história da Fotografia que se centra nos olhar de um cientista, concentrada nos seus processos químicos e físicos, nos avanços técnicos e em que abundam nomes como brometo, nitrato, albumina, colódio, mercúrio. E onde não há referências a Cartier Bresson, Capa ou Man Ray . Sim,  apesar disso, percebe-se. Lê-se com entusiasmo.
Rómulo apresenta pormenores invulgares e episódios rocambulescos, torna a criação da nova técnica ( esta história concentra-se sobretudo no século dezanove) uma aventura empolgante. Poder-se-á apontar-lhe um excessivo centramento nos desenvolvimentos de origem francesa, o que se compreende observando a bibliografia. Mas francamente, tal não interessa muito se se pretende uma pequena História da fotografia que se leia dum ápice e que entusiasme quem nada conhece de químicos e de fotografia.
Recomendo-a aos meus alunos, sem medos das lacunas e da data de publicação, e gostaria de contribuir para o já acentuado desgaste dos pobres livros. Que se edite de novo...

























Rómulo de Carvalho, História da Fotografia,colecção Ciência pra gente jovem,
Ed. Atlântida, Coimbra, 1960

__________________________________________________________

Sem comentários:

Enviar um comentário