domingo, 29 de dezembro de 2013

A graçola e o seu oposto

Um fotógrafo americano não identificado, em 1900, decidiu-se por uma graçola. Com a cumplicidade dum carteiro e dos pais duma criança também não identificada, compôs um momento ridículo para os nossos fugazes sorrisos: colocou a criança, que nos fita com um olhar surpreendido, na mala do carteiro (que nos fita também com um olhar a dar para o surpreendido).

Autor desconhecido,
Carteiro com criança,
E.U.A., 1900
imagem obtida aqui
Mas como a realidade tende a ultrapassar (pela direita) a ficção, quando os correios americanos lançaram em 1913 o seu serviço de encomendas, esta encenação deixou de ter graça para os responsáveis dos serviços postais dos Estados Unidos.
A ideia de despachar de forma económica crianças interessou a mais pessoas do que se poderia prever. E apesar certamente da oposição dos funcionários, há o registo de pelo menos três situações em que crianças foram expedidas com selos colados à roupa, e levadas de comboio e camião até ao seu destino pelos correios americanos.
Surpreendida, forçada pela realidade, e definitivamente descrente das virtudes do bom senso, a direcção postal americana fez publicar regulamentação que proibia explicitamente o fenómeno. Passou a ser proibido, na letra da lei, e até hoje, o envio de crianças pelo correio.

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